sexta-feira, 20 de abril de 2012

NO DIA-A-DIA...




Na jornada do dia-a-dia, podemos nos deparar com diversas situações, onde a mínima atitude reflete em quem está próximo a nós. E dependendo de tal situação, podemos constatar se houve um acontecimento favorável ou não, no que diz respeito as partes envolvidas. Há quem diga, que o ser humano pode ser fruto ou produto do meio em que vive. Acredito que, o meio pode influenciar concerteza em toda ou parte da construção do ser humano, dando-lhes ferramentas para que este tenha uma boa conduta ou não. Entretanto, um dos fatores determinantes é a ESCOLHA que este realiza na decisão à ser tomada.
Tentar se colocar no lugar do outro é um grande desafio neste tempo pós-moderno, pois as exigências crescem absurdamente a cada dia. O homem quer mais, e cada vez mais exige do outro, muitas vezes RESULTADOS que o mesmo não dispõe naquele momento, devido a fatores contextuais da situação em que vive.
Seja no âmbito profissional, educacional, familiar, os RESULTADOS são interpretados como INDICADORES determinantes sobre a sua capacidade como indivíduo.
Se for um resultado positivo, parabéns! Se for abaixo da exigência, pode refletir numa situção de conflito, em que todas as partes envolvidas saem perdendo.
Penso que tentar se colocar no lugar do outro, pode ser uma atitude favorável para começar se establecer uma reflexão profunda, no que temos exigido do nosso colega de trabalho, nosso cônjuge, nosso familiar, e aos colegas e amigos mais próximos.
 Sabemos perfeitamente que o mercado de trabalho encontra-se cada vez mais inseguro, competitivo, inflexível. Sabemos que o tempo se tornou pouco ao convivio familiar devido a tantas atividades que desenvolvemos, ao ponto de não podermos nem almoçar ou jantar com estes, quanto mais aos amigos ou colegas... Pergunta para um aluno que esta se preparando para o vestibular se ele tem tempo?
No livro de Mateus cap.7, v12, há uma narrativa em que o autor relata uma das afirmações de Jesus: " Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles...".
O conceito é muito simples, mas profundo quando aplicado:
Aquilo que eu quero pra mim, eu vou proporcionar ao meu próximo!
Um conceito estabelecido há mais de 2.000 anos, e que hoje torna-se vital para a boa sobrevivência humana, pois existe muitos modos de sobreviver.
Se colocar no lugar do outro é o grande DESAFIO, e para isto, precisamos está disposto a OUVIR o que o outro tem a dizer. E quando este outro está DOENTE, onde sua fragilidade esta exposta, esta NECESSIDADE precisa ser mais presente.
No dia-a-dia ouvimos muitas histórias de vidas, algumas tristes outras alegres, todas reais.
Somos pressionados pelo sistema em que vivemos, e isto é um fato.
Mas creio que temos esta capacidade de se colocar no lugar do outro, e refletir sobre que tipo de RESULTADO eu quero do meu próximo.
Será que o resultado que quero do meu próximo está compatível com os recursos que disponibilizo?
Como eu tenho agido em meu lar? Tenho aproveitado a minha família? Tenho proporcionado momentos bons para quem eu amo? Tenho dado o que quero receber?
Está aí esta reflexão sobre o nosso dia-a-dia.
Pense, reflita, no tipo de exigência que tem imposto para aqueles que te cercam.
E chegue a sua conclusão.
Será que tenho dado o que sempre quero ter?

Cristiano Vinicius Barbosa
ENFERMEIRO
GRADUANDO CURSO TEOLOGIA
FACULDADE TEOLOGICA BATISTA SÃO PAULO

Referência Bibliográfica: Bíblia Shedd. Editora Vida Nova, São Paulo, 2008.

terça-feira, 13 de março de 2012

ENFERMAGEM E O MITO DA CAVERNA



LEIA COM ATENÇÃO E PENSE SOBRE A PROFUNDA RELAÇÃO DO "MITO DA CAVERNA DE PLATÃO" E A ENFERMAGEM NOS SEUS ASPECTOS HISTÓRICOS, SOCIAIS, ECONÔMICOS, POLÍTICOS, ÉTICOS, MORAIS E PROFISSIONAIS.

O Mito da Caverna
Extraído de "A República" de Platão . 6° ed. Ed. Atena, 1956, p. 287-291


DIÁLOGO ENTRE SÓCRATES E GLAUCO

SÓCRATES – Figura-te agora o estado da natureza humana, em relação à ciência e à
ignorância, sob a forma alegórica que passo a fazer. Imagina os homens encerrados em
morada subterrânea e cavernosa que dá entrada livre à luz em toda extensão
. Aí, desde a
infância, têm os homens o pescoço e as pernas presos de modo que permanecem imóveis e
só vêem os objetos que lhes estão diante. Presos pelas cadeias, não podem voltar o rosto.
Atrás deles, a certa distância e altura, um fogo cuja luz os alumia; entre o fogo e os cativos
imagina um caminho escarpado, ao longo do qual um pequeno muro parecido com os
tabiques que os pelotiqueiros põem entre si e os espectadores para ocultar-lhes as molas dos
bonecos maravilhosos que lhes exibem.
GLAUCO - Imagino tudo isso.
SÓCRATES - Supõe ainda homens que passam ao longo deste muro, com figuras e objetos
que se elevam acima dele, figuras de homens e animais de toda a espécie, talhados em pedra ou
madeira. Entre os que carregam tais objetos, uns se entretêm em conversa, outros guardam
em silêncio.
GLAUCO - Similar quadro e não menos singulares cativos!
SÓCRATES - Pois são nossa imagem perfeita. Mas, dize-me: assim colocados, poderão ver
de si mesmos e de seus companheiros algo mais que as sombras projetadas, à claridade do
fogo, na parede que lhes fica fronteira?
GLAUCO - Não, uma vez que são forçados a ter imóveis a cabeça durante toda a vida.
SÓCRATES - E dos objetos que lhes ficam por detrás, poderão ver outra coisa que não as
sombras?
GLAUCO - Não.
SÓCRATES - Ora, supondo-se que pudessem conversar, não te parece que, ao falar das
sombras que vêem, lhes dariam os nomes que elas representam?
GLAUCO - Sem dúvida.
SÓRATES - E, se, no fundo da caverna, um eco lhes repetisse as palavras dos que passam,
não julgariam certo que os sons fossem articulados pelas sombras dos objetos?
GLAUCO - Claro que sim.
SÓCRATES - Em suma, não creriam que houvesse nada de real e verdadeiro fora das
figuras que desfilaram.
GLAUCO - Necessariamente.
SÓCRATES - Vejamos agora o que aconteceria, se se livrassem a um tempo das cadeias e
do erro em que laboravam
. Imaginemos um destes cativos desatado, obrigado a levantar-se
de repente, a volver a cabeça, a andar, a olhar firmemente para a luz
. Não poderia fazer
tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, o deslumbraria, impedindo-lhe de
discernir os objetos cuja sombra antes via.
Que te parece agora que ele responderia a quem lhe dissesse que até então só havia visto
fantasmas, porém que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, via
com mais perfeição? Supõe agora que, apontando-lhe alguém as figuras que lhe desfilavam
ante os olhos, o obrigasse a dizer o que eram. Não te parece que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que antes via era mais real e verdadeiro que os objetos ora contemplados?
GLAUCO - Sem dúvida nenhuma.
SÓCRATES - Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os olhos doloridos para as sombras
que poderia ver sem dor? Não as consideraria realmente mais visíveis que os objetos ora
mostrados?
GLAUCO - Certamente.
SÓCRATES - Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir pelo caminho áspero e escarpado,
para só o liberar quando estivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crer que daria gritos
lamentosos e brados de cólera? Chegando à luz do dia, olhos deslumbrados pelo esplendor
ambiente, ser-lhe ia possível discernir os objetos que o comum dos homens tem por serem
reais?
GLAUCO - A princípio nada veria.
SÓCRATES - Precisaria de algum tempo para se afazer à claridade da região superior.
Primeiramente, só discerniria bem as sombras, depois, as imagens dos homens e outros
seres refletidos nas águas; finalmente erguendo os olhos para a lua e as estrelas,
contemplaria mais facilmente os astros da noite que o pleno resplendor do dia.
GLAUCO - Não há dúvida.
SÓCRATES - Mas, ao cabo de tudo, estaria, decerto, em estado de ver o próprio sol,
primeiro refletido na água e nos outros objetos, depois visto em si mesmo e no seu próprio
lugar, tal qual é.
GLAUCO - Fora de dúvida.
SÓCRATES - Refletindo depois sobre a natureza deste astro, compreenderia que é o que
produz as estações e o ano, o que tudo governa no mundo visível e, de certo modo, a causa
de tudo o que ele e seus companheiros viam na caverna.
GLAUCO - É claro que gradualmente chegaria a todas essas conclusões.
SÓCRATES - Recordando-se então de sua primeira morada, de seus companheiros de
escravidão e da idéia que lá se tinha da sabedoria, não se daria os parabéns pela mudança
sofrida, lamentando ao mesmo tempo a sorte dos que lá ficaram?
GLAUCO - Evidentemente.
SÓCRATES - Se na caverna houvesse elogios, honras e recompensas para quem melhor e
mais prontamente distinguisse a sombra dos objetos, que se recordasse com mais precisão
dos que precediam, seguiam ou marchavam juntos, sendo, por isso mesmo, o mais hábil em
lhes predizer a aparição, cuidas que o homem de que falamos tivesse inveja dos que no
cativeiro eram os mais poderosos e honrados? Não preferiria mil vezes, como o herói de
Homero, levar a vida de um pobre lavrador e sofrer tudo no mundo a voltar às primeiras
ilusões e viver a vida que antes vivia?
GLAUCO - Não há dúvida de que suportaria toda a espécie de sofrimentos de preferência a
viver da maneira antiga.
SÓCRATES - Atenção ainda para este ponto. Supõe que nosso homem volte ainda para a
caverna e vá assentar-se em seu primitivo lugar. Nesta passagem súbita da pura luz à
obscuridade, não lhe ficariam os olhos como submersos em trevas?
GLAUCO - Certamente.
SÓCRATES - Se, enquanto tivesse a vista confusa -- porque bastante tempo se passaria
antes que os olhos se afizessem de novo à obscuridade -- tivesse ele de dar opinião sobre as
sombras e a este respeito entrasse em discussão com os companheiros ainda presos em
cadeias, não é certo que os faria rir? Não lhe diriam que, por ter subido à região superior,
cegara, que não valera a pena o esforço, e que assim, se alguém quisesse fazer com eles o
mesmo e dar-lhes a liberdade, mereceria ser agarrado e morto?
GLAUCO - Por certo que o fariam.
SÓCRATES - Pois agora, meu caro GLAUCO, é só aplicar com toda a exatidão esta
imagem da caverna a tudo o que antes havíamos dito. O antro subterrâneo é o mundo
visível. O fogo que o ilumina é a luz do sol. O cativo que sobe à região superior e a
contempla é a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes, já que
o queres saber, é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é
verdadeiro. Quanto à mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nos extremos limites do mundo
inteligível está a idéia do bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas que,
conhecida, se impõe à razão como causa universal de tudo o que é belo e bom, criadora da
luz e do sol no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no mundo invisível, e
sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos
negócios particulares e públicos.

Para podermos crescer se faz necessário sairmos da zona de conforto, e isso requer sacrifício físico e mental. É importante vermos o mundo a nossa volta e as duras realidades que nos escravizam para podermos olhar para as possíbilidades que se apresentam a nossa frente.
O Mito da Caverna é uma ótimo exemplo de exercício mental, pois é preciso pensar, e na maoioria das vezes pensar nos causam dores, crises, mas também avanços. Espero que você tire a sua própria conclusão dessa reflexão e continue lutando por este crescimento pessoal e profissional.
Grande abraço,
                                Cristiano Vinicius Barbosa.
                                 ENFERMEIRO
                                 COREN/SP