FILOSOFIA

POR QUE ESTUDAR FILOSOFIA?

Esta página tem como objetivo despertar o interesse pelos questionamentos, das questões da vida, do trabalho, da sobrecarga profissional, dos processos complexos familiares que vivenciamos. Assim, a Filosofia nos ajuda buscar o entendimento, como a Enfermagem faz parte de uma das ciências da Saúde, entendemos que o Enfermeiro (a), precisa desenvolver sua ciência - Enfermagem, em todos os aspectos do cotidiano. 
 
 


 
Marcia Tiburi.

Programa Café Filosófico: A Existência como Doença, Parte 1.


APROVEITE ENQUANTO DÁ TEMPO...
 
Caro leitor, antes de começar nossa reflexão, um breve relato sobre a vida Lúcio  Anneo Sêneca, conhecido como Sêneca. Nascido em Córdoba, Espanha. Educado em Roma, advogado e membro do senado Romano, e magistrado. Responsável pela educação de Nero em 50 d.C. Escritor e grande filósofo, destacou-se por sua ironia na área literária da retórica romana. Deixou uma imensa contribuição para a sua época e para os nossos dias. Acusado de participar na conjuração de Pisão, recebe de Nero a ordem de suicidar-se, executando com o mesmo ânimo sereno que pregava a sua filosofia, morrendo em 65 d.C.

 Mas vamos ao que interessa!

Como você tem aproveitado a vida? De que forma? Sêneca nos ajuda a refletir sobre as questões que envolve a vida, como o tempo, a profissão, os relacionamentos cotidianos, e a consequência de nossos atos diários.


Assim, pensemos nas seguintes reflexões:

Sêneca: "Não temos exatamente uma vida curta, mas desperdiçamos uma grande parte dela. A vida, se bem empregada, é suficientemente longa e nos foi dada com muita generosidade para a realização de importantes tarefas”.

Como temos utilizado o tempo de vida que temos? Estamos gastando os “cartuchos” que temos em vão? Como estamos empregando o nosso tempo? Coisas úteis, ou vãs? Que tipo de tarefa temos cumprido na vida que nos fora dada?

Sêneca: “Não temos uma vida breve, mas fazemos com que seja assim”.
De que forma estamos dando ‘forma’ a nossa vida?

Sêneca: “Pequena é a parte da vida que vivemos. Pois todo o restante não é vida, mas somente tempo”.
A nossa vida tem sido resumida numa ‘pequena’ parte ou somente temos o ‘tempo’ como vida?

Sêneca: “Perscuta a tua memória: quando atingiste um objetivo? Quantas vezes o dia transcorreu como o planejado? Quando usaste o teu tempo contigo mesmo? Quando mantiveste uma boa aparência, o espírito tranquilo? Quantas obras fizeste para ti com um tempo longo? Quantos não esbanjaram a tua vida sem que notasses o que estavas perdendo?”.

Aí eu pergunto: Como temos usado o nosso espelho? Somente para refletir a aparência externa ou para nos projetar introspectivamente à nós mesmos, e ver o que está por detrás de tudo que nos envolve? A nossa carga horária profissional tem nos dado tempo para viver com as pessoas a quem amamos? Não será a hora de tomar uma decisão em prol do nosso bem estar, e daquele que nos ama?

Sêneca: “Nada está mais ‘longe’ do homem ‘ocupado’ do que viver, nenhuma coisa é mais difícil de aprender. Deve-se aprender a viver por toda a vida e, por mais que te admires. durante toda a vida se deve aprender a morrer”.

Somos tão ocupados não é? São tantos plantões... As ocupações exageradas nos tiram a beleza do momento da vida. Estamos realmente aprendendo a viver? E a morrer?

Sêneca: “Ninguém valoriza o tempo, faz-se uso dele muito largamente como se fosse gratuito. Ninguém te devolverá aquele tempo, ninguém te fará voltar a ti próprio. Uma vez lançada, a vida segue o seu curso e não o reverterá nem o interromperá, não o elevará, não te avisará de sua velocidade, transcorrerá silenciosamente”.
Corremos tanto, e a pergunta que fazemos é: onde chegaremos?

Sêneca: “A ‘expectativa’ é o maior impedimento para viver: levar-nos para o amanhã e faz com que se perca o presente”.
“Assim é o caminho da vida, incessante e muito rápido, que dormindo ou acordado, fazemos com um mesmo passo e que, aos ocupados, não é evidente, exceto quando chegam ao fim”.
Estamos tão ocupados que esquecemos de nós mesmos, e de quem amamos de verdade…

Sêneca: “É brevíssima a vida dos ocupados. Pobre daquele que, cansado mais de viver do que de trabalhar, sucumbe entre suas próprias ocupações”.

Sêneca: “Uma alma segura e tranquila pode correr por todos os momentos da vida; todavia, os espíritos dos homens ocupados estão sob um jugo, não podem se dobrar sobre si próprios, não podem se contemplar”.

Sêneca: “O tempo presente é brevíssimo, ao ponto de, na verdade, não ser percebido por alguns”.

Sêneca: “Muito breve e agitada é a vida daqueles que esquecem o passado, negligenciam o presente e temem o futuro. Quando chegam ao fim, os coitados entendem, muito tarde, que estiveram ocupados fazendo nada”.

Sêneca: “Toma um pouco do teu tempo para ti. Refugia-te nestas coisas mais tranquilas, mais seguras, mais elevadas!”

Como você percebeu, a Filosofia trabalha especificamente com questionamentos, e leva ou transporta-nos às nossas próprias vivências cotidianas, cabendo a nós mesmos, procurar as respostas. Como disse certa vez René Descartes: “Penso, logo existo”.
Então vamos pensar para a cada dia podermos existir, e sabermos viver a vida de forma intensa tanto na vida pessoal quanto na vida profissional.
Grande abraço.
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Referência Bibliográfica:
Sobre a brevidade da vida/Lúcio Anneo Sêneca; tradução Lucia Sá Rabello, Ellen Itanajara Neves Vrana, Gabriel Nocchi Macedo. – Porto Alegre: L&PM, 2012.



A ENFERMAGEM E O MITO DA CAVERNA


LEIA COM ATENÇÃO E PENSE SOBRE A PROFUNDA RELAÇÃO DO "MITO DA CAVERNA DE PLATÃO" E A ENFERMAGEM NOS SEUS ASPECTOS HISTÓRICOS, SOCIAIS, ECONÔMICOS, POLÍTICOS, ÉTICOS, MORAIS E PROFISSIONAIS.

O Mito da Caverna
Extraído de "A República" de Platão . 6° ed. Ed. Atena, 1956, p. 287-291


DIÁLOGO ENTRE SÓCRATES E GLAUCO

SÓCRATES – Figura-te agora o estado da natureza humana, em relação à ciência e à
ignorância, sob a forma alegórica que passo a fazer. Imagina os homens encerrados em
morada subterrânea e cavernosa que dá entrada livre à luz em toda extensão
. Aí, desde a
infância, têm os homens o pescoço e as pernas presos de modo que permanecem imóveis e
só vêem os objetos que lhes estão diante. Presos pelas cadeias, não podem voltar o rosto.
Atrás deles, a certa distância e altura, um fogo cuja luz os alumia; entre o fogo e os cativos
imagina um caminho escarpado, ao longo do qual um pequeno muro parecido com os
tabiques que os pelotiqueiros põem entre si e os espectadores para ocultar-lhes as molas dos
bonecos maravilhosos que lhes exibem.
GLAUCO - Imagino tudo isso.
SÓCRATES - Supõe ainda homens que passam ao longo deste muro, com figuras e objetos
que se elevam acima dele, figuras de homens e animais de toda a espécie, talhados em pedra ou
madeira. Entre os que carregam tais objetos, uns se entretêm em conversa, outros guardam
em silêncio.
GLAUCO - Similar quadro e não menos singulares cativos!
SÓCRATES - Pois são nossa imagem perfeita. Mas, dize-me: assim colocados, poderão ver
de si mesmos e de seus companheiros algo mais que as sombras projetadas, à claridade do
fogo, na parede que lhes fica fronteira?
GLAUCO - Não, uma vez que são forçados a ter imóveis a cabeça durante toda a vida.
SÓCRATES - E dos objetos que lhes ficam por detrás, poderão ver outra coisa que não as
sombras?
GLAUCO - Não.
SÓCRATES - Ora, supondo-se que pudessem conversar, não te parece que, ao falar das
sombras que vêem, lhes dariam os nomes que elas representam?
GLAUCO - Sem dúvida.
SÓRATES - E, se, no fundo da caverna, um eco lhes repetisse as palavras dos que passam,
não julgariam certo que os sons fossem articulados pelas sombras dos objetos?
GLAUCO - Claro que sim.
SÓCRATES - Em suma, não creriam que houvesse nada de real e verdadeiro fora das
figuras que desfilaram.
GLAUCO - Necessariamente.
SÓCRATES - Vejamos agora o que aconteceria, se se livrassem a um tempo das cadeias e
do erro em que laboravam
. Imaginemos um destes cativos desatado, obrigado a levantar-se
de repente, a volver a cabeça, a andar, a olhar firmemente para a luz
. Não poderia fazer
tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, o deslumbraria, impedindo-lhe de
discernir os objetos cuja sombra antes via.
Que te parece agora que ele responderia a quem lhe dissesse que até então só havia visto
fantasmas, porém que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, via
com mais perfeição? Supõe agora que, apontando-lhe alguém as figuras que lhe desfilavam
ante os olhos, o obrigasse a dizer o que eram. Não te parece que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que antes via era mais real e verdadeiro que os objetos ora contemplados?
GLAUCO - Sem dúvida nenhuma.
SÓCRATES - Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os olhos doloridos para as sombras
que poderia ver sem dor? Não as consideraria realmente mais visíveis que os objetos ora
mostrados?
GLAUCO - Certamente.
SÓCRATES - Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir pelo caminho áspero e escarpado,
para só o liberar quando estivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crer que daria gritos
lamentosos e brados de cólera? Chegando à luz do dia, olhos deslumbrados pelo esplendor
ambiente, ser-lhe ia possível discernir os objetos que o comum dos homens tem por serem
reais?
GLAUCO - A princípio nada veria.
SÓCRATES - Precisaria de algum tempo para se afazer à claridade da região superior.
Primeiramente, só discerniria bem as sombras, depois, as imagens dos homens e outros
seres refletidos nas águas; finalmente erguendo os olhos para a lua e as estrelas,
contemplaria mais facilmente os astros da noite que o pleno resplendor do dia.
GLAUCO - Não há dúvida.
SÓCRATES - Mas, ao cabo de tudo, estaria, decerto, em estado de ver o próprio sol,
primeiro refletido na água e nos outros objetos, depois visto em si mesmo e no seu próprio
lugar, tal qual é.
GLAUCO - Fora de dúvida.
SÓCRATES - Refletindo depois sobre a natureza deste astro, compreenderia que é o que
produz as estações e o ano, o que tudo governa no mundo visível e, de certo modo, a causa
de tudo o que ele e seus companheiros viam na caverna.
GLAUCO - É claro que gradualmente chegaria a todas essas conclusões.
SÓCRATES - Recordando-se então de sua primeira morada, de seus companheiros de
escravidão e da idéia que lá se tinha da sabedoria, não se daria os parabéns pela mudança
sofrida, lamentando ao mesmo tempo a sorte dos que lá ficaram?
GLAUCO - Evidentemente.
SÓCRATES - Se na caverna houvesse elogios, honras e recompensas para quem melhor e
mais prontamente distinguisse a sombra dos objetos, que se recordasse com mais precisão
dos que precediam, seguiam ou marchavam juntos, sendo, por isso mesmo, o mais hábil em
lhes predizer a aparição, cuidas que o homem de que falamos tivesse inveja dos que no
cativeiro eram os mais poderosos e honrados? Não preferiria mil vezes, como o herói de
Homero, levar a vida de um pobre lavrador e sofrer tudo no mundo a voltar às primeiras
ilusões e viver a vida que antes vivia?
GLAUCO - Não há dúvida de que suportaria toda a espécie de sofrimentos de preferência a
viver da maneira antiga.
SÓCRATES - Atenção ainda para este ponto. Supõe que nosso homem volte ainda para a
caverna e vá assentar-se em seu primitivo lugar. Nesta passagem súbita da pura luz à
obscuridade, não lhe ficariam os olhos como submersos em trevas?
GLAUCO - Certamente.
SÓCRATES - Se, enquanto tivesse a vista confusa -- porque bastante tempo se passaria
antes que os olhos se afizessem de novo à obscuridade -- tivesse ele de dar opinião sobre as
sombras e a este respeito entrasse em discussão com os companheiros ainda presos em
cadeias, não é certo que os faria rir? Não lhe diriam que, por ter subido à região superior,
cegara, que não valera a pena o esforço, e que assim, se alguém quisesse fazer com eles o
mesmo e dar-lhes a liberdade, mereceria ser agarrado e morto?
GLAUCO - Por certo que o fariam.
SÓCRATES - Pois agora, meu caro GLAUCO, é só aplicar com toda a exatidão esta
imagem da caverna a tudo o que antes havíamos dito. O antro subterrâneo é o mundo
visível. O fogo que o ilumina é a luz do sol. O cativo que sobe à região superior e a
contempla é a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes, já que
o queres saber, é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é
verdadeiro. Quanto à mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nos extremos limites do mundo
inteligível está a idéia do bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas que,
conhecida, se impõe à razão como causa universal de tudo o que é belo e bom, criadora da
luz e do sol no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no mundo invisível, e
sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos
negócios particulares e públicos.

Para podermos crescer se faz necessário sairmos da zona de conforto, e isso requer sacrifício físico e mental. É importante vermos o mundo a nossa volta e as duras realidades que nos escravizam para podermos olhar para as possíbilidades que se apresentam a nossa frente.
O Mito da Caverna é uma ótimo exemplo de exercício mental, pois é preciso pensar, e na maoioria das vezes pensar nos causam dores, crises, mas também avanços. Espero que você tire a sua própria conclusão dessa reflexão e continue lutando por este crescimento pessoal e profissional.
Grande abraço,
                                Cristiano Vinicius Barbosa.
                                 ENFERMEIRO
                                 COREN/SP

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