PRIMEIROS SOCORROS

Histórico

As referências históricas das manobras de reanimação (primeiros socorros) datam desde a antiguidade. Existem indicações desta data prática no Egito a mais de 5000 anos a.C. A primeira reanimação descrita com sucesso encontra-se na Bíblia, quando o Profeta Elias reanimou o filho da viúva de Serepta, no livro de I Reis 17: 17 a 22. Esta descrição antecede a reanimação que Eliseu, seguidor de Elias, realiza no filho da mulher Sunamita, narrada no livro II Reis 4: 34 a 35. Outros relatos ocorreram através dos tempos, muitos, porém sem nenhuma base cientifica. Estas técnicas apresentavam resultados discutíveis. Incluía-se o uso da flagelação como açoite, o trote com cavalo com a vítima sobre esse, rolar a vítima sobre um barril etc.

Conceito

Os Primeiros Socorros ou Socorro Básico de Urgência são as medidas iniciais e imediatas dedicadas à vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por “qualquer pessoa”, treinada, para garantir a vida, proporcionar bem-estar e evitar agravamento das lesões existentes. A prestação dos cuidados, dependem de conhecimentos Básicos, Teóricos e Práticos por parte de quem os está aplicando.

O restabelecimento da vítima de um acidente, seja qual for sua natureza, dependerá muito do Preparo Psicológico e Técnico da pessoa que prestar o atendimento.

O Socorrista deve agir com bom senso, tolerância e calma.

O primeiro atendimento mal sucedido pode levar vítimas de acidentes a seqüelas irreversíveis.

O que fazer em casos de:

Intermação; Insolação; Queimaduras; Desmaio; Ferimentos Externos; Choque Elétrico; Convulsão; Fraturas; Entorse-Distensão-Luxação; Hemorragias; Lesões na coluna vertebral; Hipoglicemia e Hiperglicemia; obstrução das vias aéreas superiores por um “corpo estranho”; Parada Cardiorespiratória.

Intermação

Ocorre devido à ação do calor em lugares fechados e não arejados (fundições, padarias, caldeiras etc.) com intenso trabalho muscular.



 

Sinais e sintomas

Temperatura do corpo elevada;

Pele quente, avermelhada e seca;

Diferentes níveis de consciência;

Falta de ar;

Desidratação;

Dor de cabeça, náuseas e tontura;

Insuficiência respiratória.

Primeiros socorros

Remover a vítima para lugar fresco e arejado;

Baixar a temperatura do corpo de modo progressivo, aplicando compressas de pano umedecido com água;

Mantê-la deitada com o tronco ligeiramente elevado;

Avaliar nível de consciência, pulso e respiração;

Encaminhar para atendimento hospitalar.

Insolação

Insolação é o conjunto de sintomas que acomete uma pessoa exposta demasiadamente ao Sol.


Primeiros socorros

Remover a vítima para lugar fresco e arejado;

Baixar a temperatura do corpo de modo progressivo, envolvendo-a com toalhas umedecidas;

Oferecer líquidos em pequenas quantidades e de forma freqüente;

Mantê-la deitada;

Avaliar nível de consciência, pulso e respiração;

Providenciar transporte adequado;

Encaminhar para atendimento hospitalar.

Queimaduras

Queimadura é uma lesão produzida no tecido de revestimento do organismo, por agentes térmicos, elétricos, produtos químicos, irradiação ionizante e animais peçonhentos.

Superfície Corpórea Queimada

Com relação a sua extensão, calcula-se a área de superfície corporal queimada (SCQ) através da regra dos noves.

Nesta regra, cada braço tem 9% da SCQ, a cabeça outros 9%, tórax 9%, abdome 9%, dorso 18%, coxas 9% e pernas 9%, totalizando 99%. O 1% restante é o pescoço. Para áreas pequenas, usa-se uma comparação da área queimada com a palma da mão do queimado: equivale a 1% da SCQ.

Sinais e Sintomas

1º Grau: Atinge somente a epiderme; Dor local e vermelhidão da área atingida.


2º Grau: Atinge a epiderme e a derme; Apresenta dor local, vermelhidão e bolhas d’água.


3º Grau: Atinge a epiderme, derme e alcança os tecidos mas, podendo chegar até o osso.


Primeiros Socorros

Isolar a vítima do agente agressor;

Diminuir a temperatura local, banhando com água fria (1ºGrau);

Não perfurar bolhas, colocar gelo, aplicar medicamentos, nem produtos caseiros;

Retirar parte da roupa que esteja em volta da área queimada;

Retirar anéis e pulseiras, para não provocar estrangulamento ao inchar.

Encaminhar para atendimento hospitalar;

Queimadura nos Olhos
Primeiros socorros

Lavar os olhos com água em abundância durante vários minutos;

Vedar o(s) olho(s) atingido(s) com pano limpo;

Encaminhar para atendimento hospitalar.

Desmaio

Síncope ou desmaio é a perda súbita e transitória (breve) da consciência e conseqüentemente da postura, devido a isquemia cerebral transitória generalizada (redução na irrigação de sangue para o cérebro).

Primeiros socorros

Colocar a vítima em local arejado e afastar curiosos;

Deitar a vítima se possível com a cabeça mais baixa que o corpo;

Afrouxar as roupas;

Encaminhar para atendimento hospitalar.



 
Ferimentos externos

São lesões que acometem as estruturas superficiais ou profundas do organismo com grau de sangramento, laceração e contaminação variável.

Sinais e sintomas

Dor e edema local;

Sangramento;

Laceração em graus variáveis;

Contaminação se não adequadamente tratado.

Primeiros socorros

Priorizar o controle do sangramento;

Lavar o ferimento com água;

Proteger o ferimento com pano limpo, fixando-o sem apertar;

Não remover objetos empalados;

Não colocar qualquer substância estranha sobre a lesão;

Encaminhar para atendimento hospitalar.

Diabetes Mellitus

É um conjunto de doenças metabólicas que provocam Hipoglicemia, ou Hiperglicemia por deficiência de insulina (hormônio). Pode ser absoluta, por baixa produção, ou relativa devido a resistência periférica à insulina. A forma mais freqüente da doença é o diabetes mellitus adulto, é uma doença crônica, silenciosa no início, responsável por uma série de conseqüências e complicações.

QUAL A SUA CLASSIFICAÇÃO?

A) PRIMÁRIA – Tipo I: Juvenil ou insulinodependente, ou seja, depende do uso da insulina para manter seus níveis glicêmicos controlados. Inicia o uso desde o diagnóstico até por toda a vida. Tipo II: Adulto, relacionado com a idade, presença de sobrepeso ou obesidade, história familiar, sedentarismo.

B) SECUNDÁRIA – Por drogas medicamentosas, por Pancreatopotia (doença no pâncreas), Infecções (Citomegalovirus, Rubéola Congênita), Endocrinopatias (hipertireoidismo), Genética (resistência a insulina), Gestacional (geralmente no 2º e 3º trimestres. Quase sempre normaliza-se após o parto mas quase metade destas mulheres desenvolverão diabetes mellitus tipo II em 5 a 10 anos. O diabetes mellitus tipo I também pode ser precipitado pela gravidez.

QUAIS OS FATORES DE RISCO?

Obesidade, perímetro abdominal acima de 94 cm para homens, e 80 cm para mulheres, Hipertensão Arterial Sistêmica, história familiar.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

O diabetes tipo II ocorre geralmente após os 40 anos, onde o paciente apresenta dificuldade em “cicatrização de ferimentos”, disfunção erétil, vulvovaginite, visão turva, perda de peso, neuropatia periférica, prurido generalizado.

QUAL O VALOR NORMAL?

NORMAL: até 110 mg/dL.

POSSÍVEL INTOLERÂNCIA A GLICOSE: a partir de 110 mg/dL até 126 mg/dL.

DIABETES EM JEJUM: de 126 mg/dL até 200mg/dL.

DIABETES CONFIRMADO: valor acima de 200 mg/dL.

COMPLICAÇÕES

1. HIPOGLICEMIA

É a complicação mais comum, a mais terrível e o maior obstáculo em conseguir um controle adequado em alguns pacientes. Pode ser confirmada pela glicemia capilar mais os quadros típicos devem ser tratados imediatamente, independente de confirmação, com líquidos açucarados, doce ou bala. O grande problema é que o medo da hipoglicemia tende a piorar o nível de controle obtido pois o paciente passa a preferir tolerar glicemias mais elevadas acima de 150 mg/dL para evitar as crises de hipoglicemias.

Sinais e Sintomas:

Palidez, sudorese (suor excessivo), sensação de fome, tontura, tremor, alteração do humor, sensação de fraqueza, dor de cabeça, vômitos, distúrbios visuais, confusão mental, síncope, convulsão, coma, óbito.

Tratamento na crise:

Paciente consciente: ingerir cerca de 10 a 15g de açúcar com água, suco, ou refrigerante comum, mastigar balas açucaradas, e checar glicemia após 20 minutos.

Paciente inconsciente: kit de emergência, com Soro Glicosado a 50% endovenoso.

2. HIPERGLICEMIA

É uma complicação aguda do Diabetes Mellitus tipo II, com maior incidência em adultos, idosos, que desenvolve de maneira silenciosa, com níveis de glicemia acima de 200 mg/dL.

Principais Fatores:

Infecções, infecções urinarias, e septicemias (infecção generalizada), falta de aderência ao tratamento com a Insulina, associação com doenças crônicas: AVCI ou AVCH, IAM, Embolia Pulmonar, Pancreatite Aguda, etc.

Sinais e Sintomas:

Fadiga, desidratação, perda de peso, urinar em excesso, hipotensão, taquicardia, choque hipovolêmico, coma e óbito.

Geralmente os níveis de glicemia estão acima de 600 mg/dL.

Tratamento:

Deve ser em regime hospitalar. Reposição de volume, insulinoterapia, anticoagulantes, acompanhamento da função renal.

Choque elétrico

É a passagem de uma corrente elétrica através do corpo, utilizando-o como um condutor. Esta passagem de corrente pode não causar nenhuma conseqüência mais grave além de um susto, porém também pode causar queimaduras, fibrilação cardíaca ou até mesmo a morte.

Primeiros socorros

Interromper imediatamente o contato da vítima com a corrente elétrica, utilizando luvas isolantes de borracha de acordo com a classe de tensão, com luvas de cobertura ou bastão isolante.

Certificar-se de estar pisando em chão seco, se não estiver usando botas com solado isolante.

Realizar avaliação primária (grau de consciência, respiração e pulsação).

Aplicar as condutas preconizadas para parada cardiorrespiratória, queimaduras e lesões traumáticas; Encaminhar para atendimento hospitalar.

Convulsão

É um fenômeno eletro-fisiológico anormal temporário que ocorre no cérebro(descarga bio-energética), e que resulta numa sincronização anormal da atividade elétrica neuronal.

Primeiros socorros

Colocar a vítima em local arejado, calmo e seguro;

Proteger a cabeça e o corpo de modo que os movimentos involuntários não causem lesões;

Afastar objetos existentes ao redor da vitima;

Lateralizar a cabeça em caso de vômitos;

Afrouxar as roupas e deixar a vítima debater-se livremente;

Nas convulsões por febre alta diminuir a temperatura do corpo, envolvendo-o com pano embebido por água;

Encaminhar para atendimento hospitalar.

Fraturas

Fratura é o rompimento total ou parcial de qualquer osso. Existem dois tipos de fratura:

Fechadas: sem exposição óssea;

Expostas: o osso está ou esteve exposto.

Identificando uma Fratura

Compare o membro supostamente fraturado com o correspondente não comprometido.

Procure a presença de:

Deformações;

Inchaço;

Espasmo da musculatura;

Feridas;

Palidez.

Procure a presença de:

Dor à manipulação;

Creptação óssea;

Enchimento capilar lento;

Diminuição da sensibilidade;

Redução da temperatura.

Entorse-distensão-luxação

Entorse é a separação momentânea das superfícies ósseas articulares, provocando o estiramento ou rompimento dos ligamentos;

Distensão é o rompimento ou estiramento anormal de um músculo ou tendão;

Luxação é a perda de contato permanente entre duas extremidades ósseas numa articulação

Sinais e sintomas

Dor local intensa;

Dificuldade em movimentar a região afetada;

Hematoma;

Deformidade da articulação;

Inchaço.

Primeiros socorros

Manipular o mínimo possível o local afetado;

Não colocar o osso no lugar;

Proteger ferimentos com panos limpos e controlar sangramentos nas lesões expostas;

Imobilizar a área afetada antes de remover a vítima;

Se possível, aplicar bolsa de gelo no local afetado;

Encaminhar para atendimento hospitalar.

Hemorragias

É a perda de sangue devido ao rompimento de um vaso sanguíneo (artérias, veias e capilares).

Toda hemorragia deve ser controlada imediatamente.

A hemorragia abundante e não controlada pode causar a morte em 3 a 5 minutos.

Hemorragia externa: Como reconhecer o tipo de sangramento?

Sinais e sintomas

Sangramento visível;

Nível de consciência variável decorrente da perda sanguínea (O²);

Palidez de pele e mucosa.

Primeiros socorros

Comprimir o local com um pano limpo;

Elevar o membro quando possível;

Comprimir os pontos arteriais

Prevenir o estado de choque;

Encaminhar para atendimento hospitalar.

Hemorragia interna

Sinais e sintomas

Sangramento geralmente não visível;

Nível de consciência variável dependente da intensidade e local do sangramento.

Primeiros socorros

Manter a vítima aquecida e deitada, acompanhando os sinais vitais, e atuando adequadamente nas intercorrências;

Agilizar o encaminhamento para o atendimento hospitalar.

Lesões da coluna vertebral

Sinais e sintomas

 Dor local intensa;

Diminuição da sensibilidade, formigamento ou dormência em membros inferiores e/ou superiores;

Paralisia dos segmentos do corpo, que ocorrem abaixo da lesão;

Perda do controle esfincteriano (urina e/ou fezes soltas).

Nota: Todas as vítimas inconscientes deverão ser consideradas e tratadas como portadoras de lesões na coluna.

Transporte de Acidentados

Primeiros socorros

 Cuidado especial com a vítima inconsciente;

 Imobilizar o pescoço antes do transporte, utilizando o colar cervical;

 Movimentar a vítima em bloco, impedindo particularmente movimentos bruscos do pescoço e do tronco;

 Colocar em prancha de madeira;

 Encaminhar para atendimento hospitalar.

O transporte de acidentados deve ser feito por equipe especializada em resgate (SAMU, Corpo de Bombeiros, Anjos do Asfalto, outros).

O transporte realizado de forma imprópria poderá agravar as lesões, provocando seqüelas irreversíveis ao acidentado.
A vítima somente deverá ser transportada com técnicas e meios próprios, nos casos onde não é possível contar com equipes especializadas em resgate.

Parada Cardiorespiratória

O que é uma PCR?

Como diagnosticar uma PCR?

O que fazer diante de uma PCR?

Quais os passos básicos para atender numa PCR?

É a ausência das funções vitais, consciência, movimentos respiratórios, e batimentos cardíacos.

A ocorrência isolada de uma delas só existe em curto espaço de tempo; a parada de uma acarreta a parada da outra. A parada cardiorrespiratória leva à morte no período de 3 a 5 minutos.

Como Diagnosticar?

Através da “ausência” dos seguintes sinais:

1º CONSCIÊNCIA.
2º RESPIRAÇÃO.
3º BATIMENTOS CARDÍACOS.
Freqüência cardíaca em batimentos por minuto:

HOMEM 60 A 70 BATIMENTOS

MULHER 65 A 80 BATIMENTOS

CRIANÇA 120 A 125 BATIMENTOS

LACTENTE 125 A 130 BATIMENTOS

O que fazer?

Iniciar as manobras do BLS (Suporte Básico de Vida).

SUPORTE BÁSICO DE VIDA – BLS: ABC

A – AIRWAY (AR)

1° PASSO: ALERTA

Verificar nível de consciência.

-Ei, você está bem?

- Qual é o seu nome?

- Resposta + / Resposta -?

Se não responde a comandos verbais, pedir ajuda!

2° PASSO: PEDIR AJUDA

LIGUE:

190 – POLÍCIA MILITAR

192 – SAMU

193 – CORPO DE BOMBEIRO

Informe que está diante de uma pessoa incosciente em provável PCR.

Dados pessoais.

Local da ocorrência.

Peça um Desfibrilador!!!!

3º PASSO: ABRIR VIAS AÉREAS SUPERIORES

INCLINAR A CABEÇA E ELEVAR O QUEIXO.

ELEVAR COM CUIDADO A MANDIBULA.

VER ELEVAÇÃO DO TÓRAX

OUVIR O SOM DO AR ENTRANDO E SAINDO

SENTIR ENTRADA E SAÍDA DE AR.


B – BREATHING (RESPIRAÇÃO)

OFEREÇA 2 INSULFLAÇÕES (VENTILAÇÃO).

OBS: EXPANSIBILIDADE PULMONAR.

A VENTILAÇÃO ADEQUADA É QUANDO O TÓRAX SOBE E DESCE SIMETRICAMENTE.

OUVIMOS E SENTIMOS O FLUXO DE AR DURANTE A EXPIRAÇÃO.

C – CIRCULATION (CIRCULAÇÃO)

1º CHECAR PULSO NA ARTÉRIA CARÓTIDA

AUSÊNCIA DE PULSO

INICIAR A MASSAGEM CARDÍACA EXTERNA (MCE)

PROCEDA 04 CICLOS

EFETUE A ANÁLISE PRIMÁRIA

1- Verifique a inconsciência;

2- Abra as vias aéreas respiratórias;

3- Verifique a respiração;

4- Verifique os batimentos cardíacos;

5- Na ausência total dos sinais vitais, inicie a ventilação e a massagem cardíaca até chegar a Equipe Especializada!!!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRAGA, W. R. C, Diabetes Mellitus, volume 3, MEDSI Editora Médica e Cientifica Ltda, 2001 – Rio de Janeiro/ RJ.

COELHO, O. R.; CIRILLO, W., BARBEIRO, R.M.D; BARBEIRO, A. S. – Parada Cardíaca e Ressucitação Cardiopulmonar: Conceituação e Histórico em : TIMERMAN, A – Ressucitação Cardiopumonar, 3(4), 1-13, 1998.

PEDROSO, E. R.P; OLIVEIRA, R. G. Blackbook – Clínica Médica/ Belo Horizonte – MG, 2007.