sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Idoso: "Respeito não é só bom, é um dever, e nós não apenas gostamos, exigimos!"




               Você já deve ter ouvido o seguinte ditado: "respeito é bom e eu gosto!"...

        Segundo o Dicionário Aurélio, respeito significa: "sentimento que nos impede de fazer ou dizer coisas desagradáveis a alguém; apreço, consideração, deferência, obediência, submissão, temor".
             Jesus, o Cristo ensinou a seus discípulos e para uma multidão que "Em tudo façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam" (Evangelho de Mateus 7.12). Com outras palavras: "o que eu desejo para mim devo fazer pelo o outro".
              Entretanto, não é o que vemos nos canais de comunicações e em redes sociais, onde milhares de idosos são agredidos das mais variedades e criatividades possíveis. Assim, esta postagem tem como objetivo te levar a uma reflexão profunda sobre a necessidade do "respeito" que todos os idosos precisam:

            No Brasil o processo de envelhecimento populacional está ocorrendo de forma rápida e em todas as regiões do país. A partir da década de 60, com a redução da fecundidade, observam-se mudanças profundas na distribuição etária, a qual possuía, por exemplo, nos anos 70 uma proporção idosa de 5.1% e em 2000 esta aumenta para 8.6%. O aumento da expectativa de vida representa um ganho para a sociedade e traz repercussões nos setores social e de saúde. Gastos previdenciários, diminuição proporcional da população economicamente ativa, manutenção da rede de suporte social, aumento do índice de condições crônicas e problemas socioeconômicos, que contribuem para aumentar o risco de idosos com dependência física e social – estes são alguns dos problemas advindos de tal processo (CARREIRA, L.; RODRIGUES, R. A. P., 2010, p. 934).

           Nas últimas três décadas, a população brasileira vem envelhecendo em ritmo mais acelerado devido, principalmente, à rapidez com que declinam as taxas de fecundidade (JOIA, L. C.; RUIZ, T. DONALÍSIO, M. R., 2007, p.132).
           No Brasil, ocorre em ritmo acelerado, acarretando modificações nas políticas e constituindo-se em um dos grandes desafios da Saúde Pública. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, o Brasil está entre os países que aumentam mais rapidamente o índice de envelhecimento e, de acordo com projeções para o ano de 2025, haverá 46 idosos para cada 100 pessoas menores de 15 anos. No panorama atual, as transformações vivenciadas em decorrência do processo de envelhecimento populacional acelerado acarretam mudanças no perfil epidemiológico brasileiro (DUQUE, A. M. et al., 2012, p. 2200).
            Atualmente, no Brasil, os idosos representam cerca de 10% da população geral. O censo demográfico brasileiro de 2000 evidenciou que 15,5 milhões de pessoas têm 60 anos ou mais, projetando um crescimento para 18 milhões até 2010 e 25 milhões até 2025 (TAVARES, D. M. S.; OLIVEIRA, J. C. A., 2009, p. 775).

           O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial que tem gerado reflexão e discussão no meio acadêmico, nos serviços de saúde, nas instâncias governamentais e, não governamentais. Compreender e vivenciar o envelhecimento populacional, de forma positiva ou negativa, está relacionado ao olhar das outras gerações, isto é, à forma como as demais gerações interpretam e vivenciam o processo de envelhecer, mas também, está atrelado ao modo como os idosos se percebem e constroem o seu envelhecer. É necessário compreender que o envelhecimento é um processo complexo, geralmente associado a doenças, incapacidades, dependência e perda da autonomia (FLORES, G. C. et al., p. 468).
       Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em seu último relatório técnico, “Previsões sobre a população mundial”, elaborado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, em 2050 o número de pessoas com mais de 60 anos de idade será cerca de três vezes maior do que o atual. Os idosos representarão cerca de um quinto da população mundial projetada, ou seja, 1,9 bilhões de indivíduos (do total de 9 bilhões), o que torna urgente a necessidade de estudos e investigações que contribuam para a melhoria e/ou manutenção da saúde e qualidade de vida nessa faixa etária (DIAS, D. S.; CARVALHO, C. S.; ARAUJO, C. V., 3013, p. 128).
            Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), o perfil etário brasileiro, em 2009, era de 21 milhões de pessoas idosas, e para 2025 a estimativa é crescente, com expectativa de 33 milhões de pessoas acima de 70 anos (CASTRO, A. P. et al., 2013, p. 1284).
Segundo os dados do perfil dos idosos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2000), em 1950 havia cerca de 204 milhões de idosos no mundo, e em 1998 - quase cinco décadas depois - este contingente alcançava 579 milhões de pessoas, um crescimento de quase 8 milhões de pessoas idosas por ano. As projeções indicam que, em 2050, a população idosa será um montante equivalente à população infantil de 0 a 14 anos de idade.

Segundo Andrade, A. N. et al. (2012, p.748) “o termo idoso frágil  foi utilizado oficialmente pela primeira vez, em 1970, pelos membros do Federal Council on Aging (FCA) dos EUA, com a finalidade de descrever idosos que viviam em condições socioeconômicas desfavoráveis e apresentavam fraqueza física e déficit cognitivo que, com o avanço da idade, passavam a exigir maior demanda de cuidados; os atributos da fragilidade em idosos evidenciados na literatura são: vulnerabilidade a estressores biopsicossociais e ambientais, alteração na marcha e redução da força de preensão manual”.
Segundo Rocha, I. A. et al. (2009, p. 692) “o preconceito de idade caracteriza-se em que as necessidades e os interesses dos idosos recebem menos atenção do que a dos jovens; refletindo uma tendência de associar indevidamente a velhice a algo negativo e não como uma fase da vida que tem aspectos positivos e negativos; existem estratégias que podem contribuir com a qualidade de vida do idoso, como a espiritualidade, o diálogo, o apoio familiar, o perdão, o lazer, a procura de um especialista, amar; a estratégia mais utilizada para o fortalecimento é a espiritualidade, é na oração e no cultivo de esperanças movido pelo desejo de conquista; a vem ganhando cada vez mais credibilidade no conceito da biomedicina, pois vários foram os momentos em que se percebeu o poder dela na cura, é preciso não subestimar os riscos das conseqüências de uma religiosidade”.
Segundo Horta, A. L. M et al. (2010, p.526) “a espiritualidade pode ter uma dimensão central na vida dos idosos relacionada ao surgimento, à manutenção e às possibilidades de atenuação de agravos a saúde física e mental; a busca de espiritualidade com o avançar da idade é fonte importante de suporte emocional, práticas e crenças religiosas parecem contribuir decisivamente pra o bem-estar na velhice, a constitui um modo de pensar construtivo, é um sentimento de confiança de que acontecerá o que se deseja, a fé em Deus é um sentimento arraigado na nossa cultura e é tão necessária quanto são outros modos de enfrentamento”.

        Segundo Camacho, A. C.; Coelho, M. J., (2010, p. 283) “o envelhecimento é hoje, uma realidade que não pode ser ignorada na maioria das sociedades desenvolvidas e em desenvolvimento, tornando-se temática relevante do ponto de vista científico e de políticas públicas, mobilizando pesquisadores e promotores de políticas sociais, na discussão do desafio que a longevidade humana está colocando para as sociedades; em geral temos uma população idosa heterogênea em diversos aspectos sociais, econômicos, de gênero, culturais, psicológicos dentre outros; diante disso, observa-se a importância do planejamento de políticas da população idosa”.

        Segundo Joia, L. C., et al. (2001, p.132) “satisfação é um fenômeno complexo e de difícil mensuração, por se tratar de um estado subjetivo. Define com maior precisão a experiência de vida em relação às várias condições de vida do indivíduo; o julgamento da satisfação depende de uma comparação entre as circunstâncias de vida do indivíduo e um padrão por ele estabelecido; satisfação reflete, em parte, o bem-estar subjetivo individual, ou seja, o modo e os motivos que levam as pessoas a viverem suas experiências de vida de maneira positiva”.
Segundo Uchôa, E. (2003, p.850) “para que possamos desenvolver intervenções adequadas às características sociais e culturais da população idosa, é preciso conhecer um pouco mais sobre a maneira como os idosos brasileiros envelhecem, como atribuem significados a este período de suas vidas ou como interagem à sua experiência”.
Segundo Rocha, I. A. et al. (2009, p.688) “entende-se que envelhecer de maneira saudável e manter o bem-estar na velhice significa ter saúde num sentido mais amplo; seria o equilíbrio entre o bom estado de saúde física somado aos sentimentos de respeito, segurança, oportunidade de participar da sociedade de acordo com as suas limitações e posteriormente ser reconhecido pela contribuição, logo se torna propícios que haja políticas, que invistam em programas para incentivar a população estimando a redução dos índices de abandono, bem como problemas sociais vivenciados pelos idosos”.
Assim, precisamos nos conscientizar que o idoso é frágil, apesar da autonomia e da melhor qualidade de vida que alguns tem, mas mesmo assim, precisamos ficar atentos e perceber que eles precisam de nosso apoio.
Precisamos proporcionar momentos de lazer, de segurança, de satisfação, e de conforto, para que eles continuem se sentido seres humanos úteis dentro do seu convívio familiar e social.


Cristiano Vinicius Barbosa.

Referências Bibliográficas:

1. CARREIRA, L.; RODRIGUES, R. A. P. Dificuldades dos familiares de idosos portadores de doenças crônicas no acesso à Unidade Básica de Saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília 2010, nov-dez; 63(6): 933-9.
2. DUQUE, A. M. et al. Violência contra o idoso no ambiente doméstico: prevalência e fatores associados (Recife, Pernambuco). Ciênc. Saúde coletiva. 2012, vol. 17, n.8, pp 2199-2208.
3. JOIA, L. C.; RUIZ, T.; DONALÍSIO, M. R. Condições associadas ao grau de satisfação com a vida entre a população de idosos. Revista Saúde Pública, 2007; 41(1): 131-8.
4. OLIVEIRA, J. C. A.; TAVARES, D. M. S. Atenção ao idoso na estratégia de Saúde da Família: atuação do Enfermeiro. Revista Escola de Enfermagem da USP, 2010; 44(3): 774-81.
5. FLORES, G. C. et al. Cuidado intergeracional com o Idoso: autonomia do idoso e presença do cuidador. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre (RS) 2010, set; 31(3): 467-74.
6. DIAS, D. S. G.; CARVALHO, C. S.; ARAUJO, C. V. Comparação da percepção subjetiva de qualidade de vida e bem-estar de idosos que vivem sozinhos, com a família e institucionalizados. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, 2013; 16(1):127-138.
7. CASTRO, A. P. et al. Violência na velhice: abordagens em periódicos nacionais indexados. Ciência & Saúde Coletiva, 18(5):1283-1292, 2013.
8. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Fonte: www.ibge.gov.br
9. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 5ª Ed. – São Paulo: Atlas 2003.
10. ANDRADE, A. N. et al. Análise do conceito fragilidade em idosos. Texto Enferm, Florianópolis, 2012 Out-Dez; 21(4):748-56.
11. ROCHA, I. A. et al. A terapia comunitária como um novo instrumento de cuidado para saúde mental do idoso. Rev. Bras. Enferm, Brasília 2009 set-out: 62(5): 687-94.
12. HORTA, A. L. M. Envelhecimento, estratégias de enfrentamento do idoso e repercussões na família. Rev. Bras. Enferm, Brasília 2010 jul-ago: 63(4): 523-8.
13. CAMACHO, A. C. L. F. Políticas públicas para a saúde do idoso: revisão sistemática. Rev. Bras. Enferm, Brasília 2010 mar-abr; 63(2): 279-84.
14. UCHÔA, E. Contribuições da antropologia para uma abordagem das questões relativas à saúde do idoso. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(3): 849-853, mai-jun, 2003.



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